Ainda o Carnaval vai no domingo e já pude constatar que esta é uma época especialmente favorável à biodiversidade. O pior é que a seguir vem a Quaresma e lá vai o mundo da cristandade começar a desbundar no peixe espada e noutras espécies cuja carne não se chama carne e são vítimas de pesca excessiva durante o ano todo. A Quaresma vai também apagar a festa da biodiversidade a que fiz referência acima. Refiro-me à abelha que se estava nas tintas para as aida raras flores do jardim e se agarrava sofregamente a um biberão de leite, às vacas que confraternizavam de copos de coca-coca, cerveja e sabe-se là que mais na mão (pormenor a ter em conta: em todos os exemplares de vaca as mãos tiham o polegar oponível aos restantes dedos) ou a um polícia com focinho de gato (não – prestei bem atenção – não era de cão, era de gato!).
Também passei por um rato Mickey e uma bruxa (Maga Patalógica? Não se via bem, como compreenderão…) num “amasso” de abalar a moldura do quadradinho. O episódio trouxe-me à memória um artigo que li há muitos anos na revista “Linha Geral” (alguém se lembra ou sabe o isso era?). O dito artigo malhava forte e feio no imperialismo, através da sua testa de ferro Walt Disney Corporation que acusava de formatar (à época não se usava esse termo) as mentes da criançada através de bandas desenhadas que apresentavam uma sociedade deturpada e assexuada onde não havia pais ou filhos mas tios e sobrinhos e Minnie ou Daisy/Margarida eram vagas namoradas cuja função se limitava a protagonizar comportamentos que eram estereótipos de uma visão machista da mulher. Enfim, era caso para os mandar a todos para o ovo que os pariu. Mickey e irmãos Metralha incluídos. Para a Disney, aquele “amasso” do tal parzinho era, obviamente, uma heresia e dei-lhes a minha benção: Aproveitem, meus filhos, que na quarta-feira já é Quaresma…